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Natal amanhece lembrando os potiguares mortos e desaparecidos pela ditadura de 64


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Natal amanheceu com a memória viva de seus mortos e desaparecidos políticos. Pelas ruas, faixas e intervenções lembram Anatália de Souza Alves de Melo, Édson Neves Quaresma, Emmanuel Bezerra dos Santos, Gerardo Magela Fernandes Torres da Costa, Hiram de Lima Pereira, José Silton Pinheiro, Lígia Maria Salgado Nóbrega, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Luís Pinheiro, Virgílio Gomes da Silva e Zoé Lucas de Brito Filho. Também são lembradas as mortes de Djalma Maranhão, no exílio, e de Glênio Sá, em circunstâncias suspeitas, ambos vítimas da repressão.


Sessenta e um anos após o golpe de 1964, as marcas da repressão permanecem abertas. Para cobrar responsabilização e reforçar o compromisso com a democracia, movimentos sociais, estudantes, trabalhadores e organizações realizam hoje, 1º de abril, um ato público às 13h na Praça do Relógio. O local, historicamente ligado às lutas democráticas no Rio Grande do Norte, será palco de falas, homenagens e denúncias. A data rememora o início da ditadura, marcada por perseguições, censura, torturas e execuções, cujos responsáveis nunca foram julgados.


Como parte da mobilização, uma carta aberta ao povo potiguar foi divulgada, ressaltando a necessidade de justiça e a urgência de nomear os fatos históricos como eles são: ditadura de ditadura, torturadores de criminosos. Leia o documento na íntegra:

CARTA ABERTA AO POVO POTIGUAR“61 anos do golpe – Ditadura Nunca Mais!”


"Há 61 anos, teve início no Brasil um dos períodos mais sombrios de nossa história. A ditadura militar (1964–1985) impôs perseguições, torturas, censura e assassinatos a trabalhadores, camponeses, estudantes, jornalistas, intelectuais e lideranças populares. O golpe, apoiado por setores da elite econômica e pelo governo dos Estados Unidos, interrompeu um processo de transformação social que incluía reformas importantes, como a reforma agrária, a ampliação dos direitos trabalhistas e mais investimentos em saúde e educação.


Os militares instalaram um regime autoritário que aprofundou a desigualdade e violou direitos fundamentais. Políticos foram cassados, a imprensa foi censurada, artistas e intelectuais foram perseguidos, enquanto a tortura e o assassinato se tornaram política de Estado. Sessenta e um anos depois, as marcas desse período ainda não foram superadas, pois a transição democrática ocorreu sem justiça, sem punição aos responsáveis e sem o desmonte completo das estruturas repressivas que seguem operando contra a população.


No dia 1º de abril, movimentos sociais, estudantes, trabalhadores e organizações comprometidas com a democracia se unem para lembrar que os crimes da ditadura seguem impunes e que aqueles que lutaram contra a repressão foram brutalmente assassinados ou desapareceram.


No Rio Grande do Norte, nossos mortos e desaparecidos políticos não podem ser esquecidos: Anatália de Souza Alves de Melo, Édson Neves Quaresma, Emmanuel Bezerra dos Santos, Geraldo Magela Fernandes Torres da Costa, Hiram de Lima Pereira, José Silton Pinheiro, Lígia Maria Salgado Nóbrega, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Luís Pinheiro, Virgílio Gomes da Silva e Zoé Lucas de Brito. Também denunciamos as mortes de Djalma Maranhão, no exílio, e de Glênio Sá, em circunstâncias suspeitas, ambos vítimas da repressão.


Nossa luta não se limita ao passado. É preciso combater as tentativas de reabilitar o autoritarismo e responsabilizar não apenas os agentes da ditadura, mas também aqueles que, em tempos recentes, atentaram contra a democracia. Exigimos a punição dos responsáveis pelo golpe de 1964 e também dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2022, incentivados e financiados por Jair Bolsonaro e por setores militares que seguem atuando contra o Estado democrático de direito. Bolsonaro já virou réu no STF, um passo importante para que a democracia não seja novamente atacada pela impunidade. Mas a luta não pode parar: assim como os golpistas de hoje estão sendo responsabilizados, os crimes da ditadura também precisam ser julgados.


A impunidade do passado fortalece as ameaças do presente e coloca em risco o futuro. Por isso, reafirmamos: sem justiça, não há democracia! Sem punição, o golpe se repete! Ditadura nunca mais!"


Assinam o documento diversas entidades e movimentos, incluindo o Comitê Estadual por Memória, Verdade e Justiça do RN (CEV), o Comitê Estadual de Direitos Humanos e Cidadania (COEDHUCI), o Sindicato dos Bancários, o Movimento Olga Benário, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), além de partidos políticos (UP, PCR, PSTU, PSOL, PCBR e PCdoB), Centrais Sindicais (CSP-Conlutas, Intersindical e CTB) e organizações estudantis (UJR, UJC, Emancipa, Juntos e UJS).


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